A história do Santo Artemides Zatti
A história do Santo Artemides Zatti

A história do Santo Artemides Zatti

Em: 26/10/2023

Por: Thiago Caminada

Categorias: Vocacional Blog


Apresentar Artêmides Zatti é uma belíssima oportunidade para conhecer este Salesiano, modelo de virtude, reconhecido pela Igreja agora como santo. Suas diferentes características nos ajudam a percorrer um caminho de entrega consciente a Jesus no serviço ao próximo.

Boretto era uma comunidade italiana campesina quando em 12 de outubro de 1880 nasceu Artêmides Joaquim Desiderio Maria Zatti, terceiro filho de Luiz Zatti e Albina Vecchi. A família o chamava de “piedoso, alegre e trabalhador”. Ao nove anos, Artêmides já trabalhava no campo e seu caráter se forjou em uma vida rude e com poucos bens. A família Zatti sofreu com a pobreza da época na Itália e decidiu migrar para a América. Em 1897, o vapor Victoria levou a família para a Argentina.

Na Argentina, Artêmides Zatti fez uma grande amizade com seu pároco, o padre Carlos Cavalli, salesiano humilde, alegre e apostólico. Nas horas de folga de seu trabalho como ladrilhador, Zatti se converteu em seu infalível ajudante. Dessa relação, nasceu a vocação de Artêmides e pela admiração ao zeloso sacerdote salesiano.

Com o consentimento de seus pais, Zatti atravessou os portões da casa de formação de Bernal, em 18 de abril de 1899, quando já tinha seus 19 anos. O jovem encontrou muitas dificuldades nos estudos, pois estava há 10 anos fora da escola. Além disso, havia muito trabalho em Bernal, um clima muito úmido e a comida era escassa.

No colégio, o jovem padre Ernesto Giuliani contraiu tuberculose e os aspirantes salesianos ficam responsáveis por cuidar dele. Zatti contrai a doença e, ao invés de seguir seus estudos com seus companheiros de Noviciado, caiu de cama com febres altíssimas. Ao saber do grave estado do pobre jovem e de sua firmeza em seguir na vocação, padre Cavalli lhe sugeriu ir a Viedma e lhe pagou a passagem. Ao chegar na cidade, o padre Evaristo Garrone, apelidado pelo povo de padre doutor, atendeu e ousou lhe dizer: “Em um mês estarás curado”. Porém, a enfermidade de Zatti persistiu e deixou seus pais muito preocupados. O admirável rapaz passou um ano de doença com o sorriso no rosto, a resignação na alma e a confiança colocada em Deus e na prometida proteção da Virgem Auxiliadora. Tinha total convicção que seria curado! E se curou!

Em 1904, começou a trabalhar na farmácia salesiana, Biótica São Francisco de Sales, a única do lugar. Assim passaram os meses e anos. Zatti impressionava pela fé, pela confiança e pela perseverança que tinha em seu propósito de ser um filho de Dom Bosco. Seus companheiros professaram e ele ficou, mais um ano de noviço. Em 1908, enfim, com 27 anos, Artémides Zatti professa seus votos no dia 11 de janeiro. Começa, então, seu caminho de “Bom Samaritano” nos ambientes do Hospital São José de Viedma. A obra fundada pelos Salesianos de Dom Bosco em 1889 oferecia amor aos mais pobres e desamparados.

Em 1911, faleceu o diretor padre Garrone. Pouco depois da morte do padre doutor, Zatti professa seus votos perpétuos como Salesiano. Maria Auxiliadora o havia curado verdadeiramente! Em 1913, assumiu a farmácia e o hospital. A partir disso, Zatti será tudo no hospital São José: médico, administrador, cozinheiro, enfermeiro… O hospital foi seu altar e ali poliu sua alma com o exercício de virtudes heroicas.

Zatti tinha nascido para o hospital. Atendeu milhares de doentes nos consultórios externos e nas casas particulares, visitando-os de bicicleta, além de milhares de pacientes internados no hospital. Por amor a Deus e em cumprimento de sua promessa seguiu no hospital como razão de sua vida. Os doentes eram a alma de seu hospital. Nunca disse não à dor ou ao infortúnio de um irmão. Para Zatti não haviam malfeitores, mal educados, aproveitadores. Os via todos como bons.

Os dias de Zatti foram todos belos, mas nenhum foi mais lindo que o dia de sua passagem para a eternidade. Em de 19 de julho de 1950, foi um dia fatal para o irmão salesiano, ao cair de uma escada. Ficou desacordado e teve de ficar na cama. Vinte e oito dias depois regressou a atender os doentes de Viedma. Porém, seu rosto foi adquirindo uma coloração estranha que pouco a pouco o deixou amarelo.

Em 29 de janeiro de 1951, celebrou a festa de São Francisco de Sales com a comunidade salesiana, foi sua última festividade salesiana. Todos foram se despedindo dele como a um amigo que vai a outro país. Às seis da manhã do dia 15 de março, entrou em agonia e às seis e meia dormiu no Senhor. O sino da torre do colégio São Francisco de Sales tocou os tons fúnebres: estava morto Zatti, o santo enfermeiro da Patagônia, o amigo dos pobres.

O povo de Viedma e da Patagônia prestaram uma homenagem sem igual, o povo cobriu seu caixão com uma coluna de flores, não de artísticos buquês, mas de ramos humildes do povo modesto. Os restos mortais de Artêmides Zatti descansam no átrio da Paróquia São João Bosco construída onde funcionava o hospital São José na escola agrícola São Isidro. Agora Zatti repousará também nos altares de paróquias, santuários e capelas por sua canonização realizada 9 de outubro de 2022, pelo Papa Francisco, no Vaticano. Sua vida e testemunhos são modelos atuais de vocação e santidade salesiana.

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