A vida tem muitas etapas – nascimento, crescimento, vida adulta, envelhecimento e morte. Porém, você parou para pensar que estamos em constante mudança? A Quaresma irá nos possibilitar esta descoberta.
Assim como a vida tem etapas, algumas mais intensas que outras, a Igreja também tem momentos que nos possibilitam entender a vida de Cristo de maneira mais pedagógica.
Entre essas etapas, que chamamos de tempo litúrgico, está a Quaresma. Trata-se de um momento forte que nos indica o motivo pelo qual fazemos o mesmo caminho todos os anos – a Páscoa do Senhor.
Em Atos dos Apóstolos, lemos sobre a conversão de São Paulo. Em um certo momento, ele recebeu oração de Ananias e “caíram de seus olhos umas como escamas e ele recuperou a vista” (cf. At 9,18).
O tempo da Quaresma é uma caminho de “retirada das escamas” para que, assim como em São Paulo, possamos ver o Senhor Ressuscitado.
Portanto, preparamos uma proposta de experiência quaresmal neste post a fim de que você tenha uma Quaresma que transforme sua vida.
Tempo da Quaresma
A Quaresma compreende quarenta dias. Começa com a quarta-feira de cinzas e encerra com o Tríduo Pascal. Logo, ela nos prepara para a celebração do centro de nossa fé: a Ressurreição de Cristo.
“Se Cristo não ressuscitou, […] é vã a vossa fé.” (cf. I Cor 15,17). Vejamos: Cristo nasceu, sofreu a paixão e a morte. Fez tudo por amor, não há dúvidas com relação a isso.
Assim, todo o caminho que Ele percorreu é importante, porém, se depois de tudo, Ele não tivesse ressuscitado, não valeria de nada. Ele teria encerrado sua carreira como qualquer outro.
Portanto, o centro de nossa vida é a Ressurreição do Senhor e tudo o que nos prepara para esse momento é importante. A presença do Ressuscitado é a nossa razão de sermos cristãos.
Logo, a nossa vida também precisa seguir essa lógica: Ressuscitar. Não podemos ficar na cruz, na sepultura, muito menos morrer! Seria vã nossa vida cristã.
De modo que, a fim de alcançarmos a meta, vamos propor um itinerário nesta Quaresma para que você, de fato, se reconcilie consigo e com Deus.
“Deixai-vos reconciliar com Deus” (II Cor 5,20) a partir da Quaresma
Qual a finalidade da Quaresma? Preparar o povo para a Semana Santa. E qual o motivo dessa preparação? A reconciliação com Deus. Portanto, o motivo de nossa caminhada quaresmal deve ser a nossa reconciliação com Deus.
Sendo assim, precisamos olhar para dentro do nosso coração e perguntar: preciso me reconciliar com o quê? Preciso pedir ou dar perdão a quem? Será que essa pessoa a quem eu preciso perdoar sou eu mesma?
Essas perguntas são úteis para fazer de sua Quaresma um caminho real.
Logo, tendo encontrado as respostas, vamos utilizar três instrumentos para nos ajudar nesse caminho de reconciliação e alcançar um coração livre para a celebração da Páscoa do Senhor: a oração, o jejum e a caridade.
Oração
“Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo” (Mt 6,6). O quarto é o lugar da intimidade, do segredo e do descanso. Entrar no quarto significa entrar na intimidade e conversar com Deus.
Porém, esse lugar da intimidade não é propriamente um espaço físico e sim o nosso próprio coração. É lá que a oração começa, brota e se espalha para toda nossa vida. Então, na Quaresma precisamos da oração que nasce no coração.
Portanto, a oração na Quaresma é o primeiro passo a ser dado. É preciso rezar para ter coragem de perdoar ou pedir perdão; deixar-se transformar e conduzir por Deus para o caminho da libertação do coração.
Há diversos modelos de oração. Contudo, que tal deixar a oração brotar a partir da liturgia diária. Seria ótimo ir à Missa todos os dias, mas nem sempre isso é possível.
No entanto, a Palavra de Deus é fonte de inspiração e nos ajuda a rezar. A novidade está em deixar-se inspirar pela leitura e rezar na simplicidade do coração, em segredo e confiando que Deus está acolhendo sua prece.
Jejum
“Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto” (Mt 6,17). O que é o jejum? O jejum é a abstinência de algo que nos faz falta. É uma prática comum na Quaresma e nos ajuda a mudar hábitos até chegar à mudança do coração.
O jejum praticado na Quaresma é diferente da abstinência que a Igreja sugere na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira da Paixão, quando não comemos carne.
Logo, a abstinência quaresmal pode ser feita de diversas formas. A pessoa pode se privar tanto de alimento como de comportamentos, uso de internet e outros.
Sendo assim, o importante é que ninguém precisa saber do seu jejum: perfuma tua cabeça e lava teu rosto! (cf. Mt 6,17). Não mude seu semblante. Ao contrário, haja como se nada tivesse incomodando.
A finalidade do jejum é a educação de alguma área de nossa vida. Assim diremos a ela e a nós mesmos: Jesus é o Senhor para sempre.
Caridade
“Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti” (cf. Mt 6,2). A caridade ou a esmola é a capacidade de ajudar alguém através da partilha, seja de alimentos ou de qualquer outro bem necessário e urgente.
Logo, não faltam possibilidades para exercer a caridade diante de tanta pobreza material que vivemos. No entanto, a esmola não pode ser feita como autopromoção ou dirigida apenas àqueles que nos agradam.
Portanto, a esmola é um ato de caridade feito sem distinção de pessoas. Todo e qualquer pedinte é candidato à caridade. A própria pessoa já é digna de misericórdia pela humilhação em pedir.
Assim, a caridade nos liberta do egoísmo, da ganância, da avareza e nos aproxima do outro – nosso irmão.
Participação na vida paroquial no tempo da Quaresma
Tendo vivido bem a Quaresma, com todas essas atitudes, feitas com o coração, iremos chegar à Páscoa transformados. A participação das celebrações da Semana Santa é muito importante.
A comunidade que frequentamos é o lugar da Ressurreição. Portanto, procure se informar sobre as iniciativas nesta Quaresma, colabore com as campanhas e se envolva com as celebrações.
Todo tempo litúrgico é único, nunca se repete. Por isso, valorize a Quaresma e chegue à Páscoa com um novo coração!