Juventudes em Foco: Habitar a vida e a cultura dos jovens de hoje
Juventudes em Foco: Habitar a vida e a cultura dos jovens de hoje

Juventudes em Foco: Habitar a vida e a cultura dos jovens de hoje

Em: 31/03/2025

Por: Equipe Comunicação

Categorias: Portal Blog


Por: Patricia Machado Vieira, pesquisadora responsável pelo Observatório Salesiano de Juventudes. Patrícia é Pedagoga, Mestre e Doutoranda em Educação pela UFRGS.

O Quadro Referencial da Pastoral Juvenil Salesiana (Pastoral Juvenil, 2014), em seu primeiro capítulo intitulado “Habitar a vida e a cultura dos jovens de hoje”, apresenta o centro da missão de Dom Bosco e o grande desafio de atualizá-la e vivê-la hoje. Ao mesmo tempo que faz memória da experiência de Dom Bosco junto aos jovens de sua época, vai indicando como tal experiência deve servir de inspiração para a nossa relação e atuação com os jovens de hoje. Uma das principais proposições é de olhar sempre de maneira positiva para as realidades juvenis (Pastoral Juvenil, 2014). Esse olhar positivo tem se constituído como um desafio diante de uma sociedade que marginaliza (Castro, 2009) e culpabiliza o jovem apontando-o como problema, ao mesmo tempo que vende sua imagem e os elementos de suas culturas como modelo (Peralva, 2007) e, consequentemente, mercadoria. 

Desta forma, precisamos verdadeiramente despir-nos das falas do senso comum, munir-nos do coração salesiano e aproximar-nos da realidade juvenil. É necessário buscar informações confiáveis sobre as juventudes de hoje, aprofundar o conhecimento e a experiência do carisma salesiano e procurar agir de forma coerente. Como apresenta o Quadro Referencial, Dom Bosco cultivava um olhar de simpatia e empatia pelos jovens, o que o tornava capaz de atuar com proximidade, contato direto e participação nos sentimentos juvenis. É fundamental buscarmos sempre nos aproximar do coração de Dom Bosco, atualizando sua prática para os contextos juvenis, sociais e eclesiais de hoje. 

Este texto é o primeiro de uma série que tem por objetivo auxiliar todos os agentes que atuam nas presenças salesianas a habitar a vida e a cultura dos jovens de hoje. Refletir, conhecer, ressignificar aquilo que sabemos e queremos com e das juventudes. Para iniciarmos esse processo proponho a seguir duas perguntas e um intento de respondê-las, a fim de pensarmos juntos e juntas sobre as juventudes de hoje. 

  1. Afinal, quem são os/as jovens? 

No Brasil, a legislação vigente determina que são jovens todos os sujeitos entre 15 e 29 anos, para fins legais e jurídicos. No entanto, esse marcador etário pode se tornar controverso e até ilegítimo se olharmos de perto para as experiências dos sujeitos, que são diversas e atravessadas por múltiplos fatores. 

Desta forma, compreende-se que a juventude é uma construção histórica e social, que varia de acordo com o contexto, com a sociedade em que está inserido e com o tempo histórico do qual falamos. Sendo assim, os marcadores que determinam o que é ser jovem, também variam. Sem dúvidas a idade é um dos marcadores, mas também a condição familiar, o emprego/trabalho, o estudo…  

Na nossa sociedade, ser jovem está intrinsecamente ligado a uma moratória social (Margulis e Urresti, 1996), um tempo possibilitado aos sujeitos para que se preparem para a vida adulta. A escola, o lazer, o estudo, o ócio, compõem esse tempo, mas nem todos têm a possibilidade de experimentar tal moratória de forma segura e plena. 

  1. Por que utilizamos juventudes no plural? 

Se dissemos anteriormente que aquilo que se entende por juventude pode variar, no tempo, no território, no contexto social, também a forma de atravessar essa etapa da vida pode ser muito diversa de acordo com a experiência de vida de cada sujeito. Por isso, diferenciamos entre condição juvenil e situação juvenil, conceitos que ajudam a compreender a diversidade dessa fase da vida.  

A condição juvenil é caracterizada nesse conjunto de elementos sociais, históricos e contextuais que definem o que é ser jovem em uma determinada sociedade e época. Enquanto a situação juvenil caracteriza-se pelos atravessamentos como gênero, classe social, cor da pele e território, que contribuem na forma como os sujeitos experimentam essa fase da vida (Abramo, 2006). 

Ou seja, não é possível falar em uma concepção única e transversal de juventude, nem de uma forma homogênea de experimentar essa etapa da vida. Por isso, procuramos falar sempre em juventudes, no plural.

Para seguir pensando juntos e juntas… 

Neste ano, o Observatório Salesiano de Juventudes está organizando a série de textos Juventudes em Foco. As publicações serão aqui no site da inspetoria. Serão pequenas reflexões sobre as realidades e culturas juvenis, em suas mais variadas expressões e desafios. Serão escritas por educadores, professores, gestores e colaboradores salesianos, que vão partilhar seu conhecimento e sua experiência de forma simples, com o objetivo de pensarmos juntos e juntas.

Clique aqui para ler todos

Acompanhe nossas próximas publicações, compartilhe com os educadores da sua obra, com as lideranças paroquiais, catequistas e todas as pessoas que, assim como nós, tem um coração salesiano. 

Você também gostaria de participar escrevendo uma reflexão ou sugerindo temas? Escreve para a gente: observatoriosalesiano@dombosco.net 


Referências Bibliográficas

ABRAMO, H. Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In: ABRAMO, H.; BRANCO, P.P.M. Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Instituto Cidadania; Fundação Perseu Abramo, 2005. p. 37-73. 

CASTRO, J. P. M.. A invenção da juventude violenta. Análise da elaboração de uma política pública. Rio de Janeiro: Laced, 2009 

MARGULIS, Mario; URRESTI, Marcelo. La juventude es más que uma palavra. In: MARGULIS, Mario (editor). La juventude es más que uma palavra. Buenos Aires: Biblos, 1996, p. 13-30. 

PASTORAL JUVENIL, Dicastério. A Pastoral Juvenil Salesiana: Quadro Referencial. 3ª ed. Roma: Editora S.D.B, 2014. 

PERALVA, Angelina. O jovem como modelo cultural. Revista Brasileira de Educação, nº 5 e 6, 1997, pág. 15-24. 

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